Blindagem de seminovos: como funciona e qual o preço

23 de janeiro de 2025


O Brasil tem a maior frota de veículos blindados no planeta. Só no 1º semestre de 2024, por exemplo, mais de 20 mil carros passaram pelo processo de blindagem, de acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin).

O mais comum é que proprietários de veículos mais caros e 0-km busquem pelo processo. Mas eles não são os únicos: há quem opte por blindar um veículo já usado ou seminovo. Mas, nesse caso, qual a diferença entre a blindagem feita em um veículo novo e um usado? O Jornal do Carro conversou com especialistas para entender como funciona o serviço. Entre eles, o presidente da Abrablin, Marcelo Silva, e Michel Haddad, da blindadora Carbon.

Para começar, vale esclarecer que não há diferença no padrão das blindagens feitas nos carros, sejam novos ou usados. O processo e os materiais são os mesmos. “Vamos supor que você tem seu próprio carro e está utilizando ele por um ano, dois ou três. De repente, está alerta com a sua segurança e opta em blindar o seu carro. Não há necessidade de comprar um modelo novo para blindar”, ressalta Marcelo Silva. “Você pode entrar em contato com qualquer blindadora e o procedimento é normal, é o mesmo de um carro zero”, acrescenta.


Qual o preço da blindagem de um seminovo

Os materiais usados para blindar um carro, independentemente de modelo e tempo de uso, são: aramida, aço balístico, polietileno de alta performance e fibras sintéticas. Contudo, eles podem ser bastante diferentes uns dos outros. “Até por uma falta de regulamentação técnica no Brasil, você tem, às vezes, produtos considerados como blindados legalmente, vendidos como blindados, mas que oferecem um nível de proteção balística absolutamente incomparável entre si”, explica Michel Haddad. Nesse sentido, é importante comparar qual blindadora é capaz de oferecer um melhor serviço, a fim de fazer valer o investimento.

 

Assim como o processo, os preços para blindar um carro seminovo não são diferentes da blindagem de carros zero. O ticket médio da blindagem veicular costuma variar entre R$ 100 e R$ 150 mil. Entretanto, com clientes mais exigentes, geralmente proprietários de veículos ultrapremium, o valor pode chegar a até R$ 200 mil. Isso porque, em geral, são clientes que aderem também às possibilidades opcionais oferecidas, como blindagem das rodas e porta-malas, por exemplo.

Além disso, o valor pode variar a depender do tamanho do veículo, de acordo com Michel. Um veículo maior exigirá maior uso de recursos, o que influencia no preço. “Não existe um teto teórico, mas o valor está muito ligado com as escolhas do cliente dos opcionais de blindagem, não só com o tamanho do veículo”, afirma.


Diversificação de perfis no mercado de blindagem

Embora exista a possibilidade de blindar seminovos, ela não é tão comum. De acordo com Michel, o percentual não chega a 2% do trabalho realizado pela blindadora. “Dos 500 carros que nós blindamos, possivelmente cinco a dez deles, dependendo do mês, são de veículos considerados seminovos. Ainda é uma parcela extremamente pequena, por mais que crescente”, disse.

Ele acrescentou que o mercado de blindagem não se restringe mais somente a pessoas muito ricas. Embora ainda seja o perfil de clientes que mais busca pelo processo. “Tem crescido o número de clientes que buscam facilidades nas condições de pagamento da blindagem”, afirmou, destacando que há possibilidades de parcelamento no valor do processo. Assim, embora a maioria dos clientes ainda seja os de poder aquisitivo alto, cresce a variação de perfil econômico dos que buscam pela blindagem veicular. Isso, inclusive, tem feito com que a Carbon busque parcerias com agentes financeiras a fim de oferecer maiores possibilidades de pagamento aos seus clientes.

 


Passo a passo da blindagem

Importante ressaltar que o processo de blindagem segue regras estipuladas pelo Exército, onde se mantém um cadastro dos donos de veículo com esse tipo de proteção. O primeiro passo, então, é a análise do veículo. A avaliação serve para entender os pontos vulneráveis e identificar os componentes que passarão pela blindagem – de maneira geral, carroceria, vidros, maçanetas e fechaduras, além das colunas e lanternas, rodas e pneus. A análise leva em conta a estrutura veicular e os sistemas elétricos, como as baterias e motores.

Após analisado, o carro passa por uma desmontagem das partes internas. Bancos, forros e acabamentos são retirados para facilitar a aplicação dos materiais de balísticos. São eles, principalmente, painéis de aço e fibra aramida. Além da aplicação de outros materiais leves e resistentes a balas. A instalação não deve prejudicar a integridade estrutural do carro.

 

Após isso, ocorre a substituição dos vidros por versões à prova de balas. Os modelos tem camadas de vidro e policarbonato. Para além da instalação dos materiais, há uma proteção das áreas sensíveis. Componentes como a bateria, por exemplo, recebem proteção especial.

Por fim, as peças são reinstaladas e o carro é ajustado para compensar o aumento de peso recebido após a blindagem. Isso inclui ajustes de suspensão e freios, se necessário. O carro, então, passa por testes para garantir que os sistemas estejam funcionando corretamente após o processo.


Por que se blinda tanto no Brasil?

A sensação de insegurança, dados de roubos e violência tem relação direta com a alta procura por blindagem no País. Embora o estado de São Paulo tenha conseguido diminuir o índice de roubos de veículos – entre janeiro e julho de 2024 houve 17.644 notificações, ante à 24.223 no mesmo período de 2023 -, a situação ainda é preocupante. Isso porque, embora menores, os dados indicam registro de cerca de 181 roubos ou furtos de automóveis por dia no estado.

 

De acordo com estimativa do Detran-SP, só na capital do estado há 116 mil blindados. Na sequência, está o Rio de Janeiro, que só no primeiro semestre do ano passado blindou 1.463 veículos, 80% do total blindado no ano de 2023 (1.463). O estado também registra números alarmantes de violência. Nos primeiros oito meses do ano de 2024, por exemplo, a Polícia Civil registrou 13.073 roubos de veículos, com quase 60% dos casos registrados na capital.

O mercado de blindagens tem maior foco em famílias ricas ou de classe média alta, com renda mensal a partir de R$ 30 mil. Isso porque os preços para blindar um veículo podem variar entre R$ 80 a R$ 140 mil, o que volta o mercado para pessoas pertencentes a classes mais abastadas.

 

FONTE: Jornal do Carro - Estadão

11 de setembro de 2025
No ano passado, cerca de 34.402 veículos foram blindados no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin). Os números representam um crescimento de 17,4% em comparação com o ano de 2023. O aumento representa uma demanda de consumidores que buscam por uma maior segurança dentro dos automóveis. Como existe uma diversidade de empresas em atuação no Brasil, o Instituto da Qualidade Automotiva (IQA), em parceria com a Abrablin, lançaram um certificado de qualidade dessas blindagens. O selo de qualidade deve seguir um padrão confiável para que os consumidores saibam a quem recorrer na hora de realizar uma blindagem. “A certificação aborda a qualidade e conformidade dos materiais balísticos utilizados no processo de blindagem, como manta, aço e vidro balístico, que devem obrigatoriamente possuir a Certificação de Produtos Controlados pelo Exército (PCE)”, ressalta a organização. Vale pontuar que o IQA atua como certificadora designada pelo Exército do Brasil para conduzir este tipo de avaliação, seguindo as exigências estabelecidas pela Norma Regulamentadora ABNT NBR 15000. Segundo o gerente de Serviços Automotivos do IQA, Sergio Fabiano, a certificação é voluntária e visa garantir que a empresa forneça um produto que cumpra sua finalidade. No processo de certificação, a empresa que realiza a blindagem veicular é submetida a uma avaliação abrangente, que engloba desde a sua estrutura física e capacidade de produção até a conformidade com normas de segurança e regulamentações. Aspectos como o processo de fabricação, disponibilidade de autorização para funcionamento, os equipamentos e tecnologias empregadas, bem como aquisição de materiais balísticos que passaram por testes realizados nos produtos finais para verificar sua resistência balística e outras características de segurança.  FONTE: ABRABLIN
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