Como os blindados se comportam em caso de acidente?

9 de abril de 2024

Por causa dos reforços de proteção, o blindado pode ser mais seguro, mas os airbags laterais precisam de atenção.

Com o aumento da violência nas grandes cidades, é cada vez mais comum encontrar esse tipo de carro circulando nas ruas e estradas.

Mas será que, em caso de acidente, um blindado também é mais seguro que um automóvel comum? Ou será que a proteção extra na lataria e os vidros mais espessos são um risco a mais para os ocupantes?

Para tirar essas e outras dúvidas, consultamos especialistas no assunto que confirmaram: a integridade física dos ocupantes de um blindado é mais bem preservada que em um veículo sem a proteção.

Infelizmente, crash-tests e estudos envolvendo esses veículos ainda são raros e guardados em segredo pelas empresas, mas engenheiros que trabalharam com blindados explicam que a segurança em impactos é maior devido à chamada gaiola de proteção, formada pelo acréscimo de elementos de blindagem que ampliam a rigidez do automóvel.

“Acompanhei anos atrás um crash-test feito em uma montadora. O habitáculo ficou mais íntegro com a batida do que normalmente ocorre em um veículo sem blindagem”, afirma Ricardo Bock, professor de engenharia automobilística da FEI. “Ao contrário do que eu esperava o para-brisa não se soltou em direção ao habitáculo.”

Numa blindagem bem feita, as zonas de deformação do automóvel são preservadas. Além disso, há ainda os overlaps (anteparos na junção entre lataria e vidros para evitar a entrada de projéteis), que também servem de reforço à cabine em caso de batida. Há técnicos da área que falam que esse tipo de veículo fica até 30% mais seguro, mas de fato não há estudos que confirmem esse número.

O dono de um blindado, no entanto, deve ficar atento aos airbags. Não há grandes problemas nos frontais, mas o mesmo não se pode dizer dos laterais, que precisam ser tratados com cuidado quando o blindado é remontado na oficina.

Na teoria, ele deveria abrir a partir da coluna de cima para baixo, para inflar a almofada de ar entre a lateral e o ocupante. Mas há o risco de o dispositivo abrir para dentro, fazendo com que o motorista bata a cabeça com o passageiro. Para evitar isso, ele recebe um direcionador, que faz com que infle na direção certa.

Portanto, é preciso se certificar de duas coisas: que a blindadora não retirou o direcionador e que ela não eliminou o airbag todo, já que o equipamento é complexo na montagem. “Retirar o airbag é um mal menor que retirar o direcionador”, diz Rogério Garrubbo, presidente da Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin).

Quanto aos outros airbags, a diferença de peso (uma blindagem acrescenta em média 200 kg, peso equivalente à de três adultos) não influencia no tempo de abertura. Para verificar se o airbag lateral está adequadamente instalado, só levando o veículo a uma boa blindadora ou a um serviço de vistoria técnica especializada.

Há quase uma década, algumas blindadoras também retiravam as luzes que mostravam problema no airbag, o que hoje não é mais possível fazer em razão das novas centrais eletrônicas.

“Então, se você tem um carro blindado a partir de onze ou dez anos de uso, vale a pena passar em uma autorizada da marca e fazer o diagnóstico do sistema”, diz Garrubbo. Isso porque o fato de a luz do airbag não acender no painel não significa necessariamente falta de problema no sistema – pode ser um sinal de que a luz foi simplesmente retirada.


Resgate especial

Outra dúvida que surge é se num acidente uma equipe de resgate consegue retirar um motorista acidentado de dentro de um blindado. Saiba que esse tipo de veículo não é uma fortaleza impenetrável. De fato, a menor parte da proteção opaca (não visível) é formada de aço balístico – em geral apenas nos overlaps. A maioria é formada de leves mantas de aramida, material usado em coletes à prova de bala.

Mesmo assim, tanto bombeiros nas grandes cidades como equipes de socorro das concessionárias de rodovias têm hoje técnicas e equipamentos adequados para retirar pessoas presas em blindados.

Desde meados da década passada, o treinamento para abrir blindados tem sido intensificado por parte dos corpos de bombeiros das principais capitais do país. As ferramentas usadas por essas equipes conseguem penetrar facilmente nas blindagens. Além disso, há estratégias de resgate específicas, que incluem pontos do veículo que podem ou não ser serrados.

Automóveis mais modernos também contam com recursos que auxiliam os ocupantes a deixar o veículo. Em marcas premium, já é comum haver dispositivos para colisões que automaticamente destravam as portas e desligam a bomba de combustível e a bateria, para evitar qualquer risco.

E vale lembrar que corte na bomba de combustível (também chamado de crash-sensor) é algo que mesmo veículos compactos oferecem há muitos anos, porém destravamento de portas é exclusivo de modelos mais sofisticados, como Audi, Mercedes e Volvo.


Atenção ao volante

Outro cuidado é com a estabilidade e a frenagem, que obviamente são diferentes no caso de um blindado. Mas não é nada de outro mundo. Na prática, é o mesmo cuidado que se deve ter quando o veículo está com mais três ou quatro pessoas. Vale antecipar a frenagem e reduzir um pouco a velocidade antes de entrar nas curvas.

Mas é bom saber que os veículos com maior área envidraçada tendem a ficar menos estáveis. Em relação à área opaca, o vidro pesa bem mais (em média 70%). Quanto maior a superfície envidraçada, mais pesado (e instável) o carro vai ficar.

A estabilidade depende do centro de gravidade, por isso algumas blindadoras avaliam o centro de gravidade antes de aplicar a proteção. Por causa disso, os melhores veículos para receber a proteção são veículos baixos e largos, como sedãs de luxo ou cupês esportivos. Na outra ponta, os menos recomendáveis são as minivans grandes, como a Citroën Grand C4 Picasso, e o Smart ForTwo, alto e estreito



FONTE: QUATRO RODAS


11 de setembro de 2025
No ano passado, cerca de 34.402 veículos foram blindados no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin). Os números representam um crescimento de 17,4% em comparação com o ano de 2023. O aumento representa uma demanda de consumidores que buscam por uma maior segurança dentro dos automóveis. Como existe uma diversidade de empresas em atuação no Brasil, o Instituto da Qualidade Automotiva (IQA), em parceria com a Abrablin, lançaram um certificado de qualidade dessas blindagens. O selo de qualidade deve seguir um padrão confiável para que os consumidores saibam a quem recorrer na hora de realizar uma blindagem. “A certificação aborda a qualidade e conformidade dos materiais balísticos utilizados no processo de blindagem, como manta, aço e vidro balístico, que devem obrigatoriamente possuir a Certificação de Produtos Controlados pelo Exército (PCE)”, ressalta a organização. Vale pontuar que o IQA atua como certificadora designada pelo Exército do Brasil para conduzir este tipo de avaliação, seguindo as exigências estabelecidas pela Norma Regulamentadora ABNT NBR 15000. Segundo o gerente de Serviços Automotivos do IQA, Sergio Fabiano, a certificação é voluntária e visa garantir que a empresa forneça um produto que cumpra sua finalidade. No processo de certificação, a empresa que realiza a blindagem veicular é submetida a uma avaliação abrangente, que engloba desde a sua estrutura física e capacidade de produção até a conformidade com normas de segurança e regulamentações. Aspectos como o processo de fabricação, disponibilidade de autorização para funcionamento, os equipamentos e tecnologias empregadas, bem como aquisição de materiais balísticos que passaram por testes realizados nos produtos finais para verificar sua resistência balística e outras características de segurança.  FONTE: ABRABLIN
9 de setembro de 2025
Blindagem de veículos é fiscalizada pelo Exército e exige autorização antes do início do processo
4 de setembro de 2025
Nível mais usado é o que suporta disparos de pistola de até 9mm e revolveres 44 Magnum, considerada a maior arma de mão
Show More