"Gangue da pedrada", assaltos a carros em movimento da Radial Leste. Não faltam exemplos de violência a motoristas, e a sensação de insegurança nas ruas de várias cidades do país mantém em alta a demanda pela blindagem de carros.

De janeiro a junho de 2023, último período analisado, foram blindados 13.936 veículos, número quase 20% maior do que o mesmo período de 2022 (11.710 blindagens automotivas), de acordo com a Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin).
O estado de São Paulo, que também tem a maior frota de veículos do país, foi responsável pela maioria esmagadora das blindagens realizadas, com 11.810 veículos protegidos, seguido pelos estados do Rio de Janeiro (834), Ceará (521), Pernambuco (313) e Rio Grande do Sul (220).
"Diariamente, os veículos de imprensa noticiam as ações cada vez mais violentas e ousadas dos criminosos. Em São Paulo, por exemplo, temos observado o crescimento espantoso dos roubos de celulares, quando os bandidos quebram o vidro do carro para cometerem o delito. Esse cenário de fato cria um ambiente de completo medo e quem tem recursos vem buscando na blindagem a proteção", destaca Marcelo Silva, presidente da Abrablin.
De acordo com a associação, o segmento vem batendo recorde ano após ano. Em 2021, chegou a ultrapassar 20 mil blindagens no período. Em 2022, bateu um novo recorde com a blindagem de 25.916 veículos.
"Para 2023, caso o número de pedidos se mantenha aquecido como foi neste primeiro semestre, devemos observar um novo ápice de blindados no país", diz Silva. A Abrablin estima que a frota blindada no Brasil esteja em cerca de 325 mil carros.
O aumento da procura não significa que a proteção extra está mais acessível, pelo contrário, o custo do serviço inicia em R$ 65 mil, e depende do tamanho do veículo. A proteção mais praticada é a de nível III-A, que garante proteção contra todos os tipos de armas curtas (pistolas e revólveres).
As marcas dos modelos mais procurados para blindagem, segundo a Abrablin, são Toyota, Jeep, Volkswagen, BMW e Volvo, com destaque para SW4 e Commander, dois carros tipicamente usados por famílias.
Busca por usados blindados
Assim como a procura por proteção, o desejo por usados blindados também está em alta. O problema é que no universo de 325 mil carros não é tão simples encontrar modelos em bom estado de conservação disponíveis.
O especialista em carros de luxo Paulo Korn, da Car Chase, explica que esses veículos são a bola da vez: todo mundo quer, há poucos disponíveis e quando são colocados à venda saem logo. "A principal razão é o custo. Comprando um blindado usado você consegue minimizar o dispêndio total, porque ele já vem depreciado em comparação com o novo", avalia.
Um veículo blindado pesa, no mínimo, 130 kg a mais, podendo chegar a mais de 500 kg, dependendo do modelo e do tipo de proteção. Isso significa que ele precisará de mais atenção à manutenção dos itens de desgaste, como pneus, pastilhas e discos de freio, amortecedores e outros itens de suspensão.
"Comprando usado, por um lado, você ganha a blindagem. Por outro, gasta um pouco mais com a manutenção. Também é importante verificar o tratamento que o antigo dono deu a esse veículo, se fez as manutenções corretas, exigidas pelo peso extra que o carro carrega. Outro cuidado é conferir se o carro está regularizado no Detran e no Exército Brasileiro, como todos os blindados devem estar", orienta Cláudio Marmo Conte, diretor comercial da BSS Blindagens.
Também é preciso ter em mente que, com o passar do tempo, a blindagem pode sofrer delaminação, que é um processo de descolamento das lâminas de vidro cristal float ou do policarbonato que compõem o pacote balístico do vidro blindado. Segundo Marmo Conte, isso não interfere no desempenho da proteção em relação à balística, mas prejudica a visibilidade do motorista, podendo causar acidentes.
Em geral, a blindagem precisa ser reavaliada a cada oito ou 10 anos. Em alguns casos, é necessário trocar os vidros, o que pode sair bem caro. É exatamente por esse motivo que os blindados com muitos anos de uso podem ser até mais baratos do que um modelo do mesmo ano sem a proteção extra.
FONTE: uol.com


